quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Uma banda diferente

O Arcade Fire nasceu de forma curiosa:diversos parentes dos integrantes morreram no ano de seu nascimento:2003...Reginé Chassagne,uma das vocalistas teve sua avó morta naquele ano...Os irmãos Win e Will Butler perderam seu avô no mesmo ano.Win,por sinal nesse meio tempo casou com Reginé,e ainda houve mais uma morte:a tia de outro integrante,Richard Perry,também morreu,mas já no início de 2004.Contra todo esse cenário no mínimo macabro,a banda conseguiu um contrato com a gravadora Merge,em Maio/2004 e logo completaram seu álbum de lançamento.O nome não poderia ser mais propício:Funeral...

Funeral é um álbum debut,simplesmente espetacular...A sonoridade é algo incrível,que nem mesmo ao ouvir o U2 consigo ver...Mas,bem,a banda tem 8 integrantes fixos,e um número de instrumentos quase ilimitado...Falando a respeito de tal álbum,ele não rendeu nenhum Grammy,mas bem que merecia..
No ano de 2005,não existiu algo tão inovador como o Arcade Fire...
O som que emana deste primeiro álbum,Funeral não é homogêneo..Aliás,não procure homogeneidade no Arcade Fire,tudo neles soa como experimental,devido é claro ao número grande de instrumentos que permite diversas “viradas” durante uma mesma música por exemplo.É bem complicado de ouvir inicialmente,posto que o som deles não gruda,nem é pop o suficiente para te agradar logo de cara.Rodeado,de melodias,com pródiga orquestração e vocais pós-punk,a sonoridade aqui é o que pode se caracterizar como um Art-Rock,algo elogiado por muita gente nesse espaço(né,Aline???).Se eu fosse resumir o que é o Arcade Fire,diria que é uma hipérbole maginificente...Exagerado,estranho,belo,obscuro,todos esses adjetivos servem para definir o que vem a ser tal banda.
Quanto as letras de tal álbum,pode-se dizer que o Arcade Fire mantem uma certa distancia entre a pretensão e a dispersão...Ou seja,muitas vezes eles são tanto esforçados,quanto despretenciosos.


Mas,vamos seguir em frente..a verdade que o álbum que me fascinou mesmo do Arcade Fire foi o seguinte:Neon Bible...Apesar de ser inferior ao Funeral,não tinha conhecimento do anterior. Ainda,por isso meu primeiro contato foi com este álbum,Néon Bible,não aquele..
Em tal trabalho a banda procurou apronfundar seus acertos e por isso apostou numa amplificação de sua sonoridade e também de suas letras conceituais...
A abertura com Black Mirror é bem dark...o som vem se expandindo devagar,tomando conta do ambiente,como numa entrada de uma igreja,ou algo do tipo..Aliás,cabe acrescentar algo curioso,O Arcade Fire comprou uma igreja para usar como estúdio para fazer as composições de suas músicas nela...Ou seja,se você notar alguns ecos,ou uma sonoridade mais amplificada em Neon Bible isso se deve a este fato...
Mas,esqueça Funeral,aqui...não há nada comparável com o álbum anterior...As únicas semelhanças já foram ressaltadas anteriormente.
Neon Bible é um álbum recheado de miséria, profundamente enraizado em fundações ricas, dramaticamente obscuras e cativantemente melancólicas.
É fácil de deixar-se envolver no que pode ou não ser fibras temáticas, que tecem interna ou externamente as 11 faixas;parece haver um certo desapego ao rótulo de aclamação internacional e universal.É álbum introspectivo,apesar da sonoridade monumental,e por vezes assustadora que é caracterizada ao longo do seu seguimento.A verdade é que o Arcade Fire já mostra uma certa tendência a tornar-se cover de si mesmo,o que é extremamente perigoso,visto que trata-se de uma banda muito nova.
Porém,o que se vê no cenário musical atual,é uma falta de criatividade incessante,e o que se pode dizer dessa banda ,é que nela há uma centelha criativa que há muito tempo não se via.Em Funeral,ou em Neon Bible vejo uma criatividade sonora comparada a um álbum bastante particular de nossa banda favorita:Zooropa...O conceitualismo está ali,a criatividade é clara,e o estilo bicho-grilo é bastante evidente...Finalmente,cabe citar as influências, claro:,David Bowie,Bruce Springsteen ,Echo and The Bunnymen, Talking Heads,Magnetic Fields,Roxy Music,Neutral Milk Hotel,dentre outros…

O que eu posso dizer é o seguinte:Ouçam e admirem...
Vale muito a pena,eu garanto!

2 comentários:

Aline disse...

De fato, Lucas, Neon Bible é um álbum e tanto, fiquei realmente fascinada por ele quando o conheci, graças a sua sugestão.
Incrível como uma sonoridade retrô como a deles possa soar tão atual no cenário rock de hoje tão recheado de emos e de requentes pós-punk. Obviamente, minha percepção os aproximou muito do Roxy Music na fase Eno (eu disse ENO, rsss...) e de outro álbum do U2: The Unforgettable Fire.
Muito mais do que Zooropa, são as tessituras complexas da guitarra e a ambientação quase etérea que aproximam o álbum de 1984 aos jovens do Arcade Fire. O maior argumento pra justificar essa semelhança talvez seja esse "estúdio diferenciado": se Neon Bible foi gravado numa igreja, TUF teve suas composições inicialmente gravadas num castelo da Irlanda, o Slane Castle. Essa característica comum torna esses dois álbuns espécimes raras, separadas por décadas e centenas de influências musicais, mas unidos pelo bom gosto e capacidade de inovação de duas bandas em seu auge expressivo.

LucasBarauna disse...

Ah...
Eu esqueci de comparar com TUF
Se vc quiser ouça uma música de Funeral que vc vai lembrar de TUF...
Ouça HAITI!!!!
A entrada é igualzinha...

Comparei com Zooropa no quesito bicho grilo..é um álbum bem estranho...assim com Zooropa

Funeral lembra muito mais The Unforgettable Fire do que Neon Bible...alías devia ter citado isso no meu comentário...