terça-feira, 7 de agosto de 2007

Rock hard, puro e sem mistura

O ano de 1991 foi realmente mágico para a história do rock. Para sua história recente, ao menos. Comparado ao restante da década, quando surgiram poucas novidades, o início dos anos 90 foi simplesmente fervilhante. De Seattle para o mundo, o grunge ressonava com toda a força, e bandas como Nirvana e Pearl Jam pareciam ditar novos rumos para o rock, ainda um pouco entorpecido com o ambiente musical heterogêneo dos anos 80. Bandas mais antigas também mostraram que continuavam com toda a força, lançando ótimos álbuns nas mais variadads vertentes musicais, seja pelo rock meio-folk/alternativo do R.E.M., com a obra-prima Out of Time, ou pelo heavy recondicionado do Mettalica com seu consagrado "black album". Em 1991 também ocorreu o lançamento de um disco que revolucionou os rumos da maior banda ainda em atividade, que marcou presença nas paradas de sucesso e ao mesmo tempo experimentou com novas sonoridades. Mas vamos deixar pra falar do Achtung Baby em outra oportunidade...

Assim como os demais álbuns lançados naquele ano, For Unlawful Carnal Knowledge (F.U.C.K.), terceiro disco do Van Halen com Sammy Hagar nos vocais, também representou um novo rumo na carreira da banda. Considerado por muitos fãs como o melhor e o mais pesado da fase Sammy, F.U.C.K. é um hino ao bom e velho hard rock, que faz render respeito aos deuses da guitarra, do baixo e da bateria. E do teclado/rock também, porque Mr. Edward Van Halen não se resume a ser o maior guitarrista pós-Hendrix. Os primeiros acordes de piano de Right Now deixam isso bem claro a ênfase melódica neste disco, embora o instrumento apareça mais discreto do que nos álbum anteriores, 5150 e OU218. F.U.C.K . demonstra que o hard rock estava longe de morrer, entrando nos anos 90 com um disco de grande qualidade.

Com pinta clássica e rebeldia, a primeira faixa, Poundcake, anuncia de cara qual é o tom do disco. A frase antológica de Hagar "Hello, baby!" abre espaço pra furadeira diabólica de Eddie Van Halen enlouquecer já nos primeiros acordes. Sim, furadeira! O riff do começo da música foi produzido utilizando uma furadeira Makita Wireless Drill junto ao captador da guitarra. Mais impressionante mesmo é o peso do restante da música, que conjuga o virtuosismo guitarrístico a uma bateria praticamente impossível de deixar alguém parado de Alex, o outro irmão Van Halen, o baixo preciso de Michael Anthony e a voz poderosíssima de Sammy Hagar. Os fãs de David Lee Roth que me perdoem, mas VH é o raro caso de uma banda que consegue ser ainda melhor com o vocalista substituto. Sammy consegue atingir o dobro de agudos sem precisar dar aqueles pulinhos e gritinhos um tanto suspeitos de Diamond Dave (risos).

O restante do disco também traz o mesmo preciosismo instrumental, nas melodias impressionantes de Judgement Day, Spanked e In 'N' Out. Já The Dream is Over, Top of The World e Right Now mostram que dá pra ser pop sem ser besta nem deixar a pulsão rock de lado. Outro destaque é a impressionante Pleasure Dome, com um solo de bateria que lembra muito o estilo de Keith Moon e um conjunto instrumental simplesmente fantástico.

Enfim, F.U.C.K. é um álbum que merece ser ouvido até por aqueles que não são grandes fãs do estilo, nem que seja para provar que Van Halen passa muito longe do estereótipo de banda farofa dos anos 80. Mesmo que seu som, felizmente, soe como o bom e velho rock oitentista, revigorado pelo "dedilhar" na furadeira de um dos músicos mais geniais de todos os tempos.

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