segunda-feira, 30 de julho de 2007

O “The Wall” esquecido

Opa! Acalmem-se! Não vou falar de um clássico do Pink Floyd conhecido por praticamente todos. Vou falar sobre um muro que separou duas bandas que produziram duas obras-primas em meados de 1967. Separadas pelo concreto, mas unidas pela música. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles e The Piper At The Gates Of Dawn do Pink Floyd ditaram novas regras e abriram um caminho não percorrido até então por ninguém no rock psicodélico. Foram uns dos pioneiros do gênero.
O clássico dos Beatles é praticamente uma unanimidade no mundo musical. Muitos o consideram o melhor e maior álbum da história da música. Seu sucesso está relacionado a sua criatividade inovadora capaz de conseguir uma façanha de unir um experimentalismo psicodélico com um pop taxado na testa. “Os Reis do Iê Iê Iê” se tornaram também os reis dos diamantes de Lucy. E essa junção de experimentalismo com pop não foi nada mal. Bono mesmo disse: “O que seria de Sgt. Pepper’s sem as músicas pop?”. E eu pergunto: o que seria do experimentalismo sem o pop? Acredito que cairia no esquecimento. Infelizmente esse foi o calcanhar de Aquiles do The Piper At The Gates Of Dawn. Um álbum extremamente genial, mas padece um pouco deste mal. Aliás, se for falar de ousadia, o álbum de estréia do Pink Floyd foi bem mais ousado do que o dos Beatles. Syd Barrett, o fundador e líder até então da banda, simplesmente colocou o pop no vaso e deu descarga. Ele queria mesmo era explorar territórios desconhecidos da música psicodélica. Pouco se preocupou com as vendas do disco. Apesar desses pormenores, conseguiu ser o 6º álbum mais vendido do Reino Unido daquele ano. Hoje talvez ele soa meio datado para alguns, mas sua contribuição para o rock e sua influência o torna um disco indispensável na prateleira de qualquer colecionador.

Curiosidades:

§ Na mesma época que os Beatles gravavam Sgt. Pepper’s, o Pink Floyd gravava o The Piper At The Gates Of Dawn no mesmo estúdio (Abbey Road).
§ Boatos dizem que John Lennon e Syd Barrett se trancavam em uma sala escondida para tomarem LSD e conversarem sobre suas bandas.

Rattle and Hum: um álbum subestimado

Lançado em setembro de 1988, Rattle and Hum marca o final da trilogia que começa em The Unforgettable Fire e tem continuidade com The Joshua Tree. São álbuns com forte influência da sonoridade norte-americana, trazendo um U2 inspirado pelo folk, blues e country.
As raízes do rock são a marca fundamental de Rattle and Hum. Muitos não reconhecem sua originalidade pelo fato de quase metade de suas músicas serem execuções ao vivo de canções de discos anteriores, covers ou "pseudo faixas" como The Star Spangled Banner e Freedom to my people. Em verdade, é essa colcha de retalhos que acaba sendo a maior virtude do disco e mais uma razão para admirarmos a genialidade dos quatro irlandeses. Vamos lá:
a) as performances ao vivo onseguem a impossível façanha de serem melhores do que as gravações originais. É só ouvir Bullet in the blue sky e I still haven't found (com aquele lindo coral gospel) para considerar. Talvez a excessão seja Pride. Falta nela, ao vivo, a genialidade do 5º U2... Brian Eno;
b) os covers também são melhores do que seus originais. Depois da interpretação de Bono e seus companheiros, Helter Skelter faz Charles Manson parecer um bebê chorão...
c) o vídeo Rattle and Hum completementa o disco, reforçando a aura de emoção que todo o som do U2 pode transmitir;
d) se considerado somente suas canções originais, ele também se salva pelo conjunto. Tem blues, rock e soul, é o disco da banda que alterna o maior número de ritmos musicais. Tudo feito com a maior competência, a parceria com BB King é a prova disso. Desire, Heartland e Angel of Harlem transpiram a atmosfera norte-americana, mas conseguem ser tão irlandeses quanto Borges consegue ser latino em seu exílio na França... Ao contrário da maioria dos álbuns, este têm a petulância de encerrar tendo como última faixa um clássico da categoria de All I Want is You. É pouco ou quer mais???